Resenha: Os Bridgertons Netflix
Oi, gente!
Estou de volta depois de vários meses de um ano muito louco pra falar com vocês sobre a nova sensação do momento: a adaptação da Netflix inspirada na série de livros de Julia Quinn, Os Bridgertons!
Atenção: pode conter spoiler.
Minha opinião:
Vou começar esclarecendo duas coisas: a primeira é que só li os dois primeiros livros da série (foram os únicos que me deixaram extremamente curiosa), apesar de conhecer um pouco o restante da história. E a segunda é que não pretendo fazer uma análise super técnica da adaptação, apenas quero tecer comentários pela perspectiva de quem teve contato com os livros em questão e sobre o balanço final dessa primeira temporada. Então vamos lá!
Se tem uma coisa que acho super legal nos livros de alguns autores é o fato de já serem escritos em um molde que facilita uma possível adaptação. Sendo proposital ou não, a Julia conseguiu fazer isso nas narrativas dela, o que me deixa um pouco incomodada com as alterações desnecessárias que foram feitas na série da Netflix, que não mexeu só com o desenrolar dos fatos, mas também com a personalidade de alguns personagens. Um bom exemplo disso é Anthony Bridgerton, um dos irmãos mais cativantes dessa numerosa família, que sempre demonstrou um alto nível de lealdade e senso de dever para com seus protegidos. O Anthony que vemos nas telinhas é inconsequente e parece não ter domínio sobre as próprias emoções. Sem falar no romance dele com a soprano Siena, que não faz nenhum sentido já que nos livros ele nunca se apaixonou até conhecer a esposa. Tudo isso me deixou muito apreensiva com o que está por vir nessa segunda temporada, que será protagonizada pelo visconde (Kate Sheffield não merece isso!).
A inserção prematura da personagem Marina Thompson foi outro ponto questionável, já que ela só aparece no quinto livro da série e tem uma história que poderia ser melhor explorada no tempo e jeito certos. Temos também a rainha Charlotte, que apesar de ter sido uma adição interessante pela atuação de Golda Rosheuvel, no meu ponto de vista não demonstrou seu propósito nessa primeira temporada, além de ter roubado um pouco a cena da maravilhosa Lady Danbury, brilhantemente interpretada por Adjoa Andoh.
Mas nenhuma dessas alterações me incomodou tanto quanto o fato de o casal principal estar totalmente descolado do que foi escrito por Julia, no primeiro livro da série. No livro, o que justifica o acordo entre Daphne e Simon é, principalmente, o fato de Daphne não ter se casado logo em sua primeira temporada e só ser cortejada desde então por rapazes extremamente desinteressantes e escassos em qualidades. Na adaptação ela é tida como o "diamante da temporada" tão logo é apresentada à alta sociedade, sendo prejudicada apenas pela constante interferência de Anthony no cortejo de seus pretendentes, o que enfraquece a lógica do acordo feito entre ela e seu futuro amado. Anthony jamais tentaria casá-la com o asqueroso Nigel Berbrook e a cena cômica do soco que Daphne desfere nele no livro, fruto de um mero reflexo, acabou se tornando a defesa de uma agressão na série adaptada.
A química entre os atores principais também não foi lá das melhores, fato que acabo atrelando à atuação pouco desenvolta de Regé-Jean Page, interprete de Simon. Nas primeiras cenas, onde Simon aparece com um ar mais solene e misterioso, o ator incorporou muito bem o papel, me deixando encantada com sua postura e beleza. Mas no transcorrer da trama - principalmente nos momentos em que ele precisava demonstrar incômodo, paixão, alegria - o ator, na minha humilde opinião, falhou miseravelmente. Nenhuma das emoções encenadas por ele me pareceram críveis, especialmente levando em consideração o quão intenso e honesto o Simon do livro de Julia Quinn nos pareceu.
Em contrapartida, a grata surpresa da série foi a atuação de Phoebe Dynevor (Daphne Bridgerton), a qual eu considero, com meu parco conhecimento cinematográfico, excelente! Ela é tão expressiva que em vários momentos transmitiu no seu semblante aquilo que não estava explícito nos diálogos, ou até mesmo o que estava sentindo enquanto estava em silêncio. Inclusive nas cenas picantes - que se dependessem só dela eu acreditaria que eram reais rs - ela passa muita veracidade, o que, levando em conta a dificuldade de gravar cenas tão íntimas, é admirável. Enquanto Simon ficou bem apagado nessa primeira temporada, Daphne brilhou!
No geral, apesar de todos os pontos negativos apresentados, recomendo fortemente a série da Netflix. Excetuando os problemas mais técnicos, o resto pode ter me ocorrido por eu ter lido o livro - não adianta, a gente sempre compara kkk -, mas muitos espectadores ainda não leram. A minha ressalva foi, como disse anteriormente, não identificar a necessidade de mexer numa obra que já estava pronta pra virar roteiro, sem que nenhuma vírgula fosse alterada. Mesmo assim, acredito que para a maioria dos fãs da série e dos espectadores que tiveram seu primeiro contato com a narrativa, o saldo tenha ficado positivo.
Se você já assistiu, deixa nos comentários o que achou. Se não assistiu ainda, me conta o que te chamou atenção na resenha.
Um abraço e até breve!
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