Resenha: A noiva do Capitão - Tessa Dare

Madeline possui muitas habilidades preciosas: é uma excelente desenhista, escreve cartas como ninguém e tem uma criatividade fora do comum. Mas se tem algo em que ela nunca consegue obter sucesso, por mais que tente, é em se sentir confortável quando está cercada por muitas pessoas... Chega a lhe faltar o ar! Um baile para ser apresentada à Sociedade é o sonho de muitas garotas em idade para casar, mas é o pesadelo de Maddie. E, para escapar dessa obrigação, a jovem cria um suposto noivo: um capitão escocês. Ela coloca todo o seu amor em cartas destinadas ao querido – e imaginário – Capitão Logan MacKenzie e convence toda a sua família de que estão profunda e verdadeiramente apaixonados. Maddie só não imaginava que o Capitão “MacFajuto” iria aparecer à sua porta, mais lindo do que ela descrevia em suas cartas apaixonadas e pronto para cobrar tudo o que ela lhe prometeu.

Oi, gente!

Resolvi por esses dias que a primeira postagem aqui do blog seria a resenha de um livro que terminei recentemente e que roubou meu coração! Então vamos lá para as minhas considerações sobre a obra.

Minha opinião:

Eu nunca havia lido nada da Tessa Dare, embora já seja uma admiradora dos romances de época em geral. Então sem querer fazer comparações, mas já fazendo (rs), digo que a escrita dela me surpreendeu bastante. Sabe aquela história que você nem começou direito, mas já fisgou sua atenção? Pois é, foi o que aconteceu aqui, pois a autora começa a narrativa permitindo que conheçamos a protagonista Maddie e sua família através das cartas que ela escreve ao seu destinatário, até então, imaginário. Isso proporcionou uma fluidez maior na leitura, já que além de bem humoradas as cartas são sucintas, nos poupando de detalhes introdutórios desnecessários e pulando logo pra parte de como tudo se desenrola. Aí mesmo ela já ganhou muitos pontos comigo!

Outra coisa que devo ressaltar, é que apesar de a história não fugir daquele script clichê onde os personagens principais são resistentes, iniciam uma união de conveniência e acabam se apaixonando, ela conseguiu, pelo menos pra mim, inovar na narrativa pelo cenário que ela criou: Maddie desenvolve um trabalho de observar e registrar através de desenhos as fases da vida dos insetos, enquanto Logan é um Capitão do exército escocês que não cresceu sob os moldes da aristocracia. Com esta equação montada, vemos um romance leve, bem humorado, cativante e perspicaz se desenvolver, nos presenteando com ótimos diálogos, personagens secundários fofos e até mesmo algumas reflexões de vida.

Maddie é uma moça tímida, nascida no seio de uma família amorosa e que não possui um passado tenebroso com o qual tenhamos que lidar. Suas maiores questões estão relacionadas a como ela se enxerga e do que ela acredita ser capaz, já que nossa mocinha possui muitos dilemas mentais, imaginação fértil e uma autoestima questionável. Apesar disso, ela me surpreendeu no desenrolar da trama ao não se mostrar alguém que se coloca no lugar de coitadinha ou que é incapaz de formular uma frase sem gaguejar, pelo contrário, entende que é refém de situações que ela mesma criou e é dona de uma fala bem articulada. Sem contar que é muito curiosa, o que muitas vezes se sobressai a timidez e a torna uma mulher disposta e sedutora.

Longan, entretanto, carrega o fardo dos traumas do passado. Ele foi bem judiado pela vida e obrigado a guardar todas as emoções num potinho escondido bem fundo no coração, o que inicialmente confere a ele um ar de frieza absoluta, como se ele fosse guiado única e exclusivamente por um instinto de sobrevivência animal. Mas nós sabemos bem que essa fachada é, na verdade, um pedido de socorro e que aquilo pelo qual ele mais anseia é consolo e carinho. Além do mais, a lealdade e responsabilidade que nosso mocinho demonstra para com seus companheiros de guerra já nos dá um gostinho da sua capacidade de amar e de sua devoção pelo próximo, mesmo que estes não sejam sentimentos que lhe tenham sido concedidos no decorrer da vida. Aliás, se posso dar um palpite, acredito que a seriedade com a qual ele encara a amizade entre eles foi a grande responsável por preservar seu coração como um terreno fértil para sentimentos.

Entre os dilemas individuais dos personagens principais e as maravilhosas intromissões dos personagens secundários, vemos o romance tomar forma e intensidade a medida que Maddie e Logan se livram de suas carapaças (quem ler vai entender a referência, rs) e se entregam a relação em meio a muito aprendizado, evolução e cenas quentes. A autora soube explorar a química entre eles sem que o desejo evidente se tornasse algo pejorativo, funcionando mais como um fio que conecta os dois e os conduz através da curiosidade ao coração um do outro.

Embora eu tenha minhas ressalvas quanto ao ritmo meio apressadinho da narrativa e a sensação de que algumas coisas poderiam ser melhor exploradas, eu acho que a intenção da autora era focar nas dificuldades que eles tiveram pra lidar com o surgimento desse amor sob a perspectiva de vida de cada um e nos mostrar que temos capacidades que vão muito além daquilo que julgamos. Aqui fica claro que todos temos a nossa cruz, todos temos defeitos e fraquezas e todos nós vamos errar inúmeras vezes, mas no fim das contas o que realmente importa é a vontade de fazer diferente e de não se deixar definir pelas marcas que a vida nos deixou, sejam elas quais forem.

Eu amei me divertir e suspirar com essa leitura, mas já deixo claro que se você está procurando um romance de época complexo e profundo demais, essa leitura não é pra você (apesar de eu achar que a complexidade de uma história tem muito mais a ver com a forma como a encaramos e o que queremos extrair dela, do que com a própria narrativa). Indico esse livro não só aos sonhadores e românticos como a Maddie, mas também para aqueles que precisam se presentear com um novo olhar sobre a vida assim como o Logan.

Um abraço e até breve!

P.s: Este é o terceiro livro da trilogia Castles Ever After, mas pode ser lido de forma independente por não possuir ligação com os dois primeiros.