Resenha: Secretária
Lee Holloway, uma jovem com um histórico severo de problemas emocionais, recebe alta de um hospital psiquiátrico e volta à casa dos pais. Ela arranja emprego como secretária de um advogado exigente, E. Edward Grey, e começa a namorar Peter, um rapaz gentil mas sem graça. Lee acaba entrando numa relação sadomasoquista com Grey.
Oi, gente!
Vamos de dica de filme hoje. Uma dica inusitada como podem ver pela sinopse, mas que, com toda certeza, vale sua atenção!
Minha opinião:
Eu que amo um bom romance e sou metida a crítica de obras cinematográficas - haha - estou sempre atrás de um filme que me desperte sentimentos além do esperado, pois como sabemos, principalmente no gênero romance, somos presentados com uma repetição infindável de narrativas iguais ou muito parecidas. Não que isso seja ruim, afinal cada gênero tem suas características específicas e mudar isso desconfigura a coisa toda, mas é sempre bom quando vemos um roteiro e direção diferenciados, que são capazes de extrair do básico algo muito mais profundo. Isso aconteceu em Secretária.
A primeira vista, quem se depara com o título do vídeo pode achar que a narrativa toda é embasada nesse fetiche de relacionamento entre chefe/funcionária, mas garanto que a coisa é bem mais complexa e que a interação entre Lee e Edward não parte desse pressuposto.
Lee é uma moça jovem, inocente, insegura e cheia de rachaduras em sua personalidade. Alguém que ainda não descobriu quem é e o que gosta, mas é vítima da própria história e do relacionamento conturbado com os pais, em especial com a figura paterna. Após sair da clínica onde tratou um transtorno muito específico, sente vontade de reconstruir a vida e arrumar um emprego. É aí que Edward entra para bagunçar ainda mais as coisas antes de consertar.
Edward já é um personagem mais misterioso, nada se mostra no filme sobre seu passado e o restante fica subentendido, mas sem sombra de dúvida é um homem complexo, um personagem cheio de camadas que não foram tão abordadas, mas no fim das contas deixa o telespectador extremamente envolvido.
São dois personagens de alma atormentada e carentes de compreensão que acabam descobrindo a redenção um no outro, o que pode ser bem clichê no gênero, mas da forma como o roteiro é trabalhado em nenhum momento temos a sensação de déjà vu. Vemos no decorrer da trama Lee ser salva e liberta através de métodos pouco convencionais e que a princípio podem não ter nada a ver com carinho e cuidado, mas demonstram sua finalidade. Edward é salvo em igual medida ao passo em que enxerga que mesmo abominando a si mesmo ou as suas preferências, é capaz de despertar o desejo genuíno e a ternura de alguém.
Vale salientar algo que me chamou bastante atenção - alerta de spoilerzinho - e que merece destaque: apesar de a maioria de nós não compreendermos as preferências relacionadas ao sadomasoquismo (um dos temas abordados no filme) e acabarmos montando um perfil inescrupuloso da pessoa que o pratica, podemos perceber em Edward a total noção do que é certo e errado no seu conflito interminável entre ter o que se quer e fazer o que é aceitável. Isso o torna um personagem mais realista e tragável, sem a romantização do "posso tudo e quero você".
Aqui encontramos uma forma inusitada de paixão, amor e relacionamento, que traz a reflexão sobre o quanto nós seres humanos somos individuais e peculiares ao se expressar sentimentalmente e que, nesse aspecto, o certo e o errado são meros pontos de vista. O que é errado pra você pode ser o motivo da felicidade do outro, ao passo em que o que parece certo não o satisfaz. Se essa ideia é aceitável, não cabe a mim dizer.
No fim das contas é a história de um encontro feliz entre duas pessoas que tem exatamente o que o outro precisa; que me deixou completamente admirada com o roteiro, direção e atuação e que é arrebatador em sua sutileza. Vale a pena conferir.
Um abraço e até breve!
P.s: o nome do personagem principal é Edward Grey, vulgo Mr. Grey... (Sim! O verdadeiro! hahaha)
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